Friday, October 19, 2007

Mais do mesmo

O dia amanheceu claro, com aquele cheiro a sol que me entra pela pele e me faz recordar os dias daquele lugar.

Obrigo-me a levantar pois a noite acabou por ser curta para o encontro com todas as almas de que tenho saudades. Assim preguiçosa dou os bons dias ao dia e com a vontade de que não é apenas mais um dia, sigo em frente.

Junto ao rio, naquele percurso que de olhos fechados e alma aberta percorro, olho para o céu e lá estás tu, mais um avião que cruza o azul e o pensamento voa para ti. Não que isso me incomode, sei que vou ainda por algum tempo ver aviões no céu, porque ainda estás presente mesmo com a tua ausência, porque apesar das tuas visitas fugazes, simplesmente não te posso querer de outra forma, se não estarias ou então os aviões deixariam de me ver e por isso quis sentir outra vez, mais do mesmo, apenas para confirmar que o teu agora não mudou.

Baixo os olhos e volto ao rio, por momentos olho para o caminho e agora lá está o outro tu e sorri-o. Aquela marca deve ter aumentado o número de vendas naquele modelo mais de 50% e penso, mais do mesmo. Do meu e do teu silêncio, da minha e da tua ausência, das minhas e das tuas dúvidas.

Sem dúvida que o espelho tinha que ser bem grande para que de uma vez por todas, me deixa-se de medos em relação ao que quero, de dúvidas em relação ao meu sentir, de incertezas naquilo que sou e confronta-se de vez o sonho. A minha vontade em amar e ser amada, sem apego, de alma presente por aquilo que se é e não por aquilo que representamos, por isso se vieram à minha estreia, convencidos de que teriam mais do mesmo, enganam-se. Não consigo fechar as portas, mas sigo em frente. Não as fecho porque a ti não sinto que quero e a ti outro tu, porque sinto que tu não queres, porque eu sinto igual. Assim sem repetições e como criadora de senhora de mim, vos digo que aqui estou, de frente para mim, de frente para vós, de frente para aquele que é o meu sonho. Correr não vou, percorro a linha que me leva a ele, com perícia e equilíbrio e mesmo que por momentos duvide e questione, continuarei sempre a caminhar com o olhar presente em ti, presente em mim, seja lá quem és, seja lá quem sou, pouco importa. O sonho conhece-o de cor. As cores que o pintam, as formas que o controem, as imagens que o compõe, os sentires que enchem a alma com a certeza de que será o meu agora.



Maria

4 comments:

Gi said...

Maria,
Tens que passar a andar com os pés bem na Terra, os olhos direccionados em frente e a olhar nos olhos dos outros, não mergulhar num mar de equívocos, e não fazer castelos no ar!
Aqui não te posso dizer mais, mas tu conheces-me e sabes que gosto muito de ti!

Vera said...

brutal!
posso comentar pessoalmente?
;)

"maria, tens de..." ?????????!!!!!

Unknown said...

Querida, sinceramente a gi tem razão, demasiada procura do teu verdadeiro eu e demasiada auto-análise e análise dos outros leva exactamente a muitos castelos no ar, só porque todas já passamos por isso e ainda passamos é que a Gi te dá este conselho. É sem dúvida porque gosta de ti, eu idem aspas, não é por sermos isentas de falhas mas é o que vemos...

Anonymous said...

Ai! Maria, Maria. Ou será mau maria.

Como diz a música de Jão Pedro Pais e da Mafalda Veiga: A vida é tão rara... e mais não digo!