Saturday, June 30, 2007

Depois do fim, o recomeço


Foi aqui que tudo se passou, nesta sala em frente aquela janela que me mostra o rio e os beirais daquelas casas. Onde o céu azul preenche o resto daquele cenário, onde os aviões passam sem parar e mesmo que não olhe, ouço-os passar. Foi aqui que decidi vir sem nada que me fizesse querer estar, uma vontade de dentro sem porquês nem razões. Uma folha de papel uma caneta na mão, sentei-me no chão e escrevi, a olhar para ti mesmo que não estivesses, a olhar para mim sem saber onde estou. Escrevi textos sem fim, desenhei palavras no chão, ouvi o que outros me contam e que lhes preenche o coração. Foi aqui que um dia decidi chegar, porque em lado nenhum conseguia estar. Foi aqui e é aqui que de frente me olho e percebo que estou.



E ao fim de 15 semanas das 16:00 ás 18:30, apesar da certeza do último dia, não me permito ver o fim chegar


A todos aqueles que o sabem, muito obrigada pela partilha destas 15 semanas


Maria

Tuesday, June 26, 2007

A Caixa da Felicidade

Se tiveres uma caixa coloca lá dentro três objectos que te façam sorrir, três pedaços de papel com palavras que te encham de alegria e três nomes de pessoas que te amam. Depois de colocares todas estas coisas lá dentro, fecha os olhos e relembra um momento feliz. Um momento onde o mundo parou, onde pulas-te de alegria, choras-te de entusiasmo e sorris-te de emoção. Não perdendo essa imagem, coloca a mão direita na tua testa durante 3 segundos e sorri. De seguida olha a palma da tua mão e continua a ver a imagem que recordas-te, sopra para que ela entre para dentro da caixa. Não precisas de fechar a tampa, pois tudo o que lá estiver, ali pertence e nada fugirá. Porque ao criares a caixa a tua vontade é que a felicidade te acompanhe para sempre. E nos dias que te esqueças dela, vai há caixa, olha lá para dentro e basta sorrir.
Nota: A caixa não tem limite, coloca a quantidade de objectos, palavras, pessoas e momentos que quiseres, nunca os tires, pois na felicidade como na vida, acrescenta-se, nunca se perde nem se tira.

Maria

Monday, June 25, 2007

Fada

Tenho uma fada da luz, para que nunca me sinta perdida no caminho que é a vida e para que nos momentos menos claros a vontade de ser feliz continue presente. Por isso me proteges durante o sono e me segredas nos meus sonhos, que a maravilha de viver é a vontade real de me amar.
Obrigada ás senhoras de si...
Maria

Saturday, June 23, 2007

O Rio

Vejo o rio, um palco vazio de gente porque o mar não chega aqui. Ao longe a solidão de quem chora junto ao rio, naquele cais abandonado pelos barcos que vivem na cidade. O nublado do céu não me deixa ver o sol e procuro na cor do rio, algo que me dê luz para seguir em frente. O homem contínua só, o som dos barcos está longe e eu sentada nesta ponte pouco ou nada vejo do que aquele cenário me conta. A calma da água pouco ou nada me tranquiliza e vejo aquela figura só. Parece que mais nada existe, parece que mais nada consigo ver. Aquele homem, aquele corpo que se contorce, que se esconde, que não sai e que não fica, porque não descansa, porque não acredita que o vazio do rio não é o vazio da alma, que a calma do rio não é a emoção da vida e que a solidão do rio não é aquilo que ele se permite ser.
Maria

A Fortuna


A música que te enche o sonho, conta-te um segredo. O segredo que a fortuna é sorrir. Sorrir quando encontras uma letra perdida que é o som do teu nome. Sorrir quando uma vela se acende para te iluminar o coração. Sorrir quando amas alguém que não quer sofrer e que percorre contigo o caminho que escolheste fazer a pé. Sorrir quando fazes flores com lã e ofereces a quem gostas. Sorrir quando te moldas há vida e sorris com ela. Sorrir quando te ouço chamar por mim com vontade de sorrir. E quando tu sorris e quando eu sorrio, o mundo sorri e o quadro que se pinta é o que a alma te conta e o coração segreda.
Maria

Friday, June 15, 2007

Escolhas

Passamos a vida a fazer escolhas e derrepente aquelas que um dia fizemos, tornam-se absurdas, porque o sentir associado a elas, nos incomoda, nos entristece. E então essas escolhas perdem todo o sentido, perdem toda a nossa vontade. Nada é definitivo nem as escolhas. Podemos sempre fazer outras, novas escolhas. O importante é percebermos qual a nossa real verdade e escolher. Um dia escolhi ser quem sou, um dia escolhi conquistar o que tenho e se um dia nada destas escolhas me fizer sentido, só tenho que escolher de novo. Nada se perde por mudar, simplesmente se acrescenta aquilo que se é e aquilo que um dia se escolheu.
Maria

Tuesday, June 12, 2007

O meu paraiso


Se te permitires sonhar, o acreditar um dia acontece. Se te permitires sentir, um dia a vontade vem e se te permitires um dia amar, um dia o amor simplesmente chega. Neste lugar onde tudo é permitido, porque o céu se encontra com o mar e com a terra, no meio da imensidão daquela praia, apenas existe aquilo que te permites querer.



(a foto é minha....:)



Maria

Wednesday, June 6, 2007

Instruções para não ter medo

Comece por fechar os olhos num sítio onde se sinta seguro. Mantenha os olhos fechados e circule pelo espaço, se esbarrar com algo não se assuste, continue. Após cerca três voltas circundantes pare, abra os olhos e foque um ponto no espaço, sorria. De seguida continuando a focar o mesmo ponto, sinta o que o faz querer fugir, o que o faz tremer de horror, o que o assusta ao ponto de o paralisar, o que o impede de viver. Sinta com o coração, se as lágrimas aparecerem, deixe-as correr. Depois de sentir durante cerca de cinco minutos, dirija-se ao espelho mais próximo e olhe de frente, bem perto, traga de volta o sentir e agora frente a frente consigo, frente a frente com ele, diga-lhe adeus, despeça-se e siga em frente.

Nota: Procedimento aconselhado apenas para aqueles que vivem a vida olhando sempre para trás e para aqueles que vivem a vida olhando sempre para a frente. Interdito aos que vivem apenas o agora, pois esses não conhecem o medo, deixem-nos continuar ignorantes.
Maria

Camões e as Tágides (Columbano 1894)


Tu mestre da língua, nós amantes da paixão. Tu que nos olhas com desejo e estendes essa mão. Ela que tenta alcançar, a outra que se questiona se vai e eu, olho para o vazio e sonho. Com o meu amor, com a voz, com o corpo que me liberta e me faz sentir mulher, não tu que me procuras, mas o outro que não está, neste espaço, neste tempo. Porque de ti nada sinto, nada pergunto, nada procuro. Por isso não te olho, porque não te vejo, porque o que alcanço é a vontade de amar e apenas por ele sinto a certeza de querer estar. Que a eternidade surja e que a união de nós aconteça. Perdoa-me se não te encontro mas a paixão não se questiona, nem a minha nem a tua.
"uma visita ao museu do Chiado"
Maria

A chávena de Chá (Columbano 1898)


Vejo uma mulher sentada naquela cadeira rígida, com uma postura inerte na penumbra daquele espaço. O cabelo alinhado, o rosto bem desenhado, a ausência de vida. Seguras uma chávena de chá, procuras o que ela te diz. O vapor do samovar envolve-te. Apenas a cor luminosa da chávena contrasta com a tristeza, com a solidão, com a ausência do que te rodeia. Só a tua chávena de chá tem significado nesta vida desolada, neste tempo vazio e de ausência, porque não te permites olhar para fora. O medo há muito que te paralisou e apenas a não existência te faz ainda olhar para o chá e tentar sonhar.
"uma visita ao museu do Chiado"
Maria

Tuesday, June 5, 2007

A festa


Naquele lugar de sonho, onde a escrita é a paixão de todos os que ali vão, abri a minha alma. Num estado de emoção, senti-me feliz. Porque vocês estavam, porque eu quis estar e principalmente porque a coragem de contar a tristeza e a dor que por vezes sinto prevaleceu. O medo ficou de fora, senti-me menina outra vez, um orgulho arrebatador pela minha conquista. Mostrei aquilo que sou, sentada naquele sofá, simplesmente porque me permiti sonhar.


"Um obrigado a todos os que estiveram e um obrigado do tamanho do mundo para a São"



Maria

Monday, June 4, 2007

O Dragão

Se tivesses um dragão levavas-me daqui?! Quero acreditar que sim e tu sabes que eu ia, mas nunca te pediria com medo que dissesses não. Se me levasses poderia ser para qualquer lugar, desde que houvesse sol, se não morria de tristeza. Não quero ir de avião, quero ir no teu dragão. Se me levares sei que é de vontade, de avião não sei. Para um lugar pequenino onde só cabíamos nós, para ficarmos agarrados num só. Fazíamos aquilo que temos medo de sentir, porque só gostamos para dentro, não o dizemos nem o fazemos, eu porque tenho medo de acreditar e tu porque será? Também não te pergunto, tenho medo da resposta, tenho medo de ficar só, tenho medo e estou...A medo lá vou dizendo, a medo olho para ti, a medo vou percebendo que te quero, quem sabe um dia o medo foge e eu sem medo, digo que te amo.
"As coisas que se escrevem durante 12 longas semanas."


Maria