Tuesday, May 22, 2007

Será?




Dizem que a vida só começa ao 30, até ai, andamos num rebuliço entre as vidas já vividas, na resolução do que um dia, noutra era, noutro tempo, noutro mundo, fomos. Se assim for, aquilo que é a nossa verdade, só agora se manifesta, só agora acontece. Por isso só agora a dúvida surge arrebatadoramente, só agora não conseguimos mais ficar parados e muito menos andar para trás. A certeza foge e o que fica é a realidade da tua escolha, do que és. Por isso agarras a maçaneta daquela porta que te reflecte e perguntas: será desta?! A resposta só tu a tens, a certeza é a tua e o que estiver por detrás daquilo que é a tua verdade, é a tua verdadeira essência, o que escolheste ser, o que escolheste ter, o tudo e o nada, a felicidade ou a angustia, o riso ou o choro, viver ou sofrer para sempre. Seres ou simplemente não existires.




Maria

Friday, May 18, 2007

De volta

O fogo do céu não apaga a calma do mar e tu que me olhas e esperas por mim. A ti nada tenho para te dizer, porque eu estou aqui, neste caminho que segui e tu quem és? e tu o que me dizes? e tu onde estás? No caminho de ninguém no vazio de ti próprio, há procura do principio de tudo, no encontro da existência do nada. Porque há muito que simplesmente deixas-te de sonhar, o mundo passou a ser um vazio de ausências e cheio de incertezas, dúvidas e angustias. A ti nada te digo porque me fui, não sei para onde, mas contigo já não estou, cansei-me de figuras disformes, rostos sem vida, uma dor que se sente, uma angustia que não sai. E a ti nada te digo, porque já tudo escrevi, a saudade que senti, a ausencia que passei, o medo que escondi, a raiva, o terror, o pânico que vivi simplesmente para te ter aqui. Do nada ficou o todo, um papel com um caminho, um pedido numa fotografia, apenas uma imagem, que é a tua.
(Um exercicio dificil, onde a leitura quase se tornou impossivel, mas a vontade e as lágrimas ajudaram a gritar, a libertar e tudo finalmente ficou bem)
Maria

Monday, May 14, 2007

O Angustiometro

Com este estado de ansiedade que me persegue e a insuportável vontade de terminar com ele, decidi comprar um angustiometro para por de vez de lado este sentir que não me sufoca mas que me condiciona o sentimento e dá força há razão.
O aparelho inventado por alguém de uma sensibilidade estonteante é me entregue por um homem baixinho, gordinho e de bigode, de uma daquelas empresas de entregas rápidas. Porque a ansiedade aumenta a cada momento e continuar há espera tornou-se demasiado dramático para correr de loja em loja há sua procura.
O pequeno aparelho olha para mim, já li as instruções e nada percebi, continuo a pensar se será real. As instruções são curtas, apenas três passos. Coloca a tua mão no botão vermelho, respira bem fundo três vezes, o pensamento que surgir, deita-o fora, é esse o sinal da tua angustia. O aparelho pode ser utilizado apenas vinte vezes, ao fim desse numero de utilizações, deverá ir há manutensão, pois a angustia corrói tudo aquilo que toca.
Finalmente me decido e sigo o procedimento. Mão esquerda no botão vermelho, aquela que se liga ao coração, porque sei que a angustia vem dai. Respiro fundo três vezes e nada acontece, mas quando o pensamento surge, tudo se explica, tudo se resolve, a angustia és tu. E então deixo-a partir, para que a tranquilidade volte, porque assim não posso mais, porque disse um basta a mim própria.
Retiro a mão, sento-me no chão e penso simplesmente em mim.


"o que se escreve quando a vontade nos faz imaginar aparelhos que serviriam para medir aquilo que dizem que não é mensurável. Um excelente exercicio, num curso fantástico"


Maria

Varinha Mágica



Num domingo onde o sol com vergonha espreitava e num dos mais fantásticos cenários de Lisboa, onde um mundo de gente se cruzava e apesar da pouca certeza de querer estar, encontrei-te. No meio de malas , alfinetes, saias, sapatos, sei lá mais o quê. Uma banca onde tudo era diferente, onde o sonho ainda vive e as pessoas olham e percebem o que sentes. Num frasco lá estavas tu, diferentes formas, diferentes sonhos, diferentes vontades. A medo perguntei, com toda a certeza me responderam. São varinhas magicas! Nem queria acreditar. Fantástico! pensei. Uma alegria estonteante me percorreu. Decidi escolher uma e o medo surgiu. A que escolhe-se seria a minha, a certa, a verdade absoluta do momento. Peguei em ti, li o que me dizias e sorri. A varinha mágica do miminho, que me diz para seguir em frente neste caminho e que coisas fantásticas vão acontecer. Nada melhor, nada mais certo. Percebi porque estava ali e porque só tu também poderias estar. Sorrimos e abraçamo-nos, a chuva começou a cair, o sol continuava a brilhar o arco iris apareceu, ao longe os sinos tocavam, tudo era certo e tudo iria ser.
Maria

Friday, May 11, 2007

Sinto

Minha querida amiga, sinto o coração pequeno, já não está apertado, mas pouco bate e por isso quase já não o ouço. Acordei triste, como o dia. É difícil estar parada, não quero pensar, tudo menos deixar a razão entrar, prefiro este estado de ausência do mundo. Hoje quando vinha no autocarro para um dos sítios onde me sinto segura, pois apesar de todo o sofrimento e tristeza que aqui se vive, toda a gente é gente pois sente com o coração, por isso é que escolhemos estar aqui. Neste espaço a razão pouco fala, por isso é que é a confusão, mas quem olha sente quem somos e por isso encontro a tranquilidade para vir para esta torre e olhar o rio, que me diz para ficar tranquila, que não tenha medo do que escolhi, que foi o certo, porque não mereço nada menos do que sempre tive. Mas como te estava a dizer, quando vinha no autocarro, senti uma grande vontade de chorar, que não te sei explicar porquê mas veio e deixei as lágrimas correrem para onde quiserem ir, porque a tristeza não é para ser contida é para ser vivida, como tudo o resto, a saudade, a alegria, o amor e a paixão. Lembrei-me do nosso caminho, daqueles dias em que o mundo não existiu e que apesar da dúvida do presente, estivemos no encontro de nós mesmas, demos de caras com o medo que nos acompanha, conscientes que voltar para trás é de todo impossível.
Maria

Wednesday, May 9, 2007

O descobrir o sentido das coisas, surge do nada

Olhei para aquela serra, do outro lado estarias tu e derrepente o sentimento surgiu. A tua vinda e a tua ausência representavam o que de mais medo tenho, a solidão, a tristeza e o sofrimento. O estar só por indecisão que logo se torna uma convicção imposta por nós mesmos, porque a tristeza e o sofrimento convivem há tempo demais dentro de nós e não nos conseguimos libertar deles. Porque só esse viver nos faz sentido, porque tudo o resto nos assusta e nos impede de mudar. E então do nada, decidimos mudar tudo, porque já nada nos satisfaz e corremos até cair, para que tudo mude, rápido e que a dor se apague e que não volte. Mas como as grandes mudanças têm que ser sentidas e a mudança real só ocorre quando o coração está presente, o mudar da razão nada resolve e por isso a solidão e o sofrimento continuam. Por isso estives-te, para que visse que não chega mudar por fora, que a real vontade do ser é que nos faz viver e que o meu reflexo em ti, me diz que não quero mais estar só, que quero abrir de vez o coração ao mundo, para sentir aquilo que sou, para que não pare e não desapareça de vez.

Maria

Tuesday, May 8, 2007

proposta para o concurso da revista cais "Portugal País de Poetas"

Portugal País de poetas, em cada esquina alguém que canta, em cada bairro um outro que compõe, numa casa tu que pintas, num salão todos dançam, numa sala um eu que escreve, na rua aquele que fotografa as cores da vida, as cores da cidade, a alma do país que somos todos, que somos um. Falamos de amor, desejo e paixão, corremos por alguém no meio da multidão e quando a encontramos acreditamos de verdade, porque este sentimento vem de dentro e não sabemos sentir diferente, por isso choramos, sorrimos, sofremos e amamos, tudo com a intensidade que é o todo, porque menos não existe e simplesmente não nos pertence. Somos o povo que conquistou os mares, que lutou pelo azul do céu, que sofreu pela liberdade, que amou incondicionalmente tudo aquilo que acreditou.
Por isso quando o cheiro da sardinha e da chouriça assada estão no ar, os balões, as bandeirolas, a música popular, sentimos que somos únicos. Nas festas típicas dos santos, tão características do povo português, todos se juntam e tudo se concretiza. Bairros que recebem pessoas de todos os lados, pessoas que vêm seguindo a multidão, a música e o pregão. E eu estou neste pátio olho para a banca dos manjericos, a senhora sorri e diz: menina leve um, são só 2€. E eu sorrio para aquela mulher, com a pele queimada do sol, cheia de marcas da vida que já viveu, feliz porque esta é melhor época do ano, porque está sempre sol e todos sorriem. Olho para as quadras penduradas nos manjericos e tento escolher uma. Todas falam do mesmo, amores e desamores, porque o sentimento comanda a vida e é impossível não sermos abalroados por ele, só aqueles que fogem é que não sentem, a vontade de querer estar, dar e amar e mesmo esses por momentos se apercebem que o sentimento existe. Uma das quadras diz, “se um dia sorrires para mim, atrás de ti vou correr, pelo mundo fora, para não te perder”. O cravo é vermelho, a cor da paixão, porque o manjerico faz parte da tradição, só o cheirem com a mão se não ele vai morrer de desgosto e é sempre triste ver uma planta morrer.É como um desengano de amor, que dói e mata por dentro, aquele que não quis ficar e que deixou o outro, que se entregou por acreditar que era possível, que fazia sentido e que tudo ia acontecer, porque era essa a sua vontade, e ninguém sente sozinho por isso quem não fica é porque foge, de si e do mundo. Outra quadra diz, “se um dia te encontrar, para sempre te vou levar, bem pertinho de mim, sentindo sempre que sim”. Este cravo é branco, sinónimo de saudade, que tanta lágrima faz correr por toda a eternidade. A saudade é bem nossa e ninguém a sabe explicar, mora bem fundo dentro de cada um e é sinónimo de amar. Amar tudo o que somos, acreditando sempre que a vida é para ser sentida, porque nada menos é exigido por aqueles que acreditam. O acreditar vem de dentro bem como a saudade, mas ao contrário da saudade que pode ser boa, o acreditar não tem duas faces, quem acredita será sempre o dono do mundo e aqueles que não se permitem, serão apenas aquilo que o mundo quiser que eles sejam. O manjerico com o cravo amarelo que representa a felicidade, diz na quadra “se nos amarmos para sempre, nenhum de nós vai chorar, estarei sempre ao teu lado, para sorrir e te abraçar”. O amarelo cor da luz, faz-nos sentir que é sempre bom estar aqui, de mão dada com o mundo, sentido que cada momento é único, porque o somos e nada menos é importante. A felicidade anda de mão dada com a alegria, o amor e a paixão, e quem não os sente, não poderá ser gente, deixou que a razão ganha-se a batalha do coração, e tudo perdeu. Mas para aqueles que o fizeram, um segredo vou contar, nada é eterno, nem a vontade de amar, por isso se voltarem a acreditar que tudo pode mudar, lutem com a alma e o coração e puderam chegar aquele lugar onde tudo faz sentido simplesmente por amar. E porque somos um País de poetas e o poema faz parte do sonho, deixem-se sempre levar por aquilo que o mar diz, o céu conta e cada um sente.
Maria

Monday, May 7, 2007

ser

O meu estado de ser assusta-me tanto que até tenho medo do que vou escrever. Esta ausencia e vazio que sinto dentro de mim é tão grande que nem sei onde termina ou se vai ter fim. A angustia qu me invade derrepente, que me aperta o estomâgo e me bloqueia, leva o pensamento para a dor e só me apetece desaparecer. Agora percebo a saudade que sempre senti, que não acabava. Uma saudade eterna porque nunca estiveste aqui e mesmo que a tua ausencia não me sufoque, a ausencia do sentir é que me doi, do meu não do teu. Porque de ti nada é real, por isso simplesmente não existe. E se me reporto a ti é porque quiz que fizesses parte de mim e agora que nada fica, apenas um papel com a tua letra com um caminho para um lugar que nada nos diz, porque nunca vivemos e pouco estivemos, nem consigo escrever de ti. Não consigo nem quero, porque aquilo que sinto é meu e a força que me faz andar para a frente é a vontade que tenho de ser e de chegar aonde tudo é por inteiro, verdadeiro sem medos nem fugas, onde a mentira não existe e a única língua é a do coração. Onde a razão fica á porta, porque ninguém a quer presente, onde os corações se unem e vivem como um todo, onde estamos porque é essa a nossa vontade sem fugas. Onde nos permitimos sentir e simplesmente estar por nós e com os outros. Mas como esse lugar é longe e a viagem dificil, só os bravos da vida lá chegam e ficam e eu consegui chegar e sem dúvida não me vou permitir recuar e muito menos não ficar.

Maria

estou

uns tiram fotografias, outros fazem música, alguns dançam, alguém pinta e quase todos fazem o que simplemente lhes apetece, eu gosto de escrever...por isso decidi mostrar o que escrever me permite sentir. Partilhar é sempre uma boa descoberta.

Maria