Friday, May 11, 2007

Sinto

Minha querida amiga, sinto o coração pequeno, já não está apertado, mas pouco bate e por isso quase já não o ouço. Acordei triste, como o dia. É difícil estar parada, não quero pensar, tudo menos deixar a razão entrar, prefiro este estado de ausência do mundo. Hoje quando vinha no autocarro para um dos sítios onde me sinto segura, pois apesar de todo o sofrimento e tristeza que aqui se vive, toda a gente é gente pois sente com o coração, por isso é que escolhemos estar aqui. Neste espaço a razão pouco fala, por isso é que é a confusão, mas quem olha sente quem somos e por isso encontro a tranquilidade para vir para esta torre e olhar o rio, que me diz para ficar tranquila, que não tenha medo do que escolhi, que foi o certo, porque não mereço nada menos do que sempre tive. Mas como te estava a dizer, quando vinha no autocarro, senti uma grande vontade de chorar, que não te sei explicar porquê mas veio e deixei as lágrimas correrem para onde quiserem ir, porque a tristeza não é para ser contida é para ser vivida, como tudo o resto, a saudade, a alegria, o amor e a paixão. Lembrei-me do nosso caminho, daqueles dias em que o mundo não existiu e que apesar da dúvida do presente, estivemos no encontro de nós mesmas, demos de caras com o medo que nos acompanha, conscientes que voltar para trás é de todo impossível.
Maria

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